Month: January 2011
Post para esses dias de calor!
Será que máquinas podem amar?
Qual o nível de sofisticação cognitiva necessário para uma criatura se apaixonar e sentir efetivamente o que é o amor?
FIM DE SEMANA passado, revi o clássico de ficção científica "Blade Runner: o caçador de androides", de 1982, baseado no livro de Philip Dick. O filme, dirigido por Ridley Scott e estrelado por Harrison Ford, passa-se em 2019, numa Los Angeles futurística. O enredo levanta questões sobre a relação homem e máquina que devem ser revisitadas. Pela perspectiva de 2011, a primeira coisa que notamos é como a visão de futuro do filme está errada.
Carros voam e Los Angeles, sob forte e constante chuva, está entupida de gente e sob noite eterna. Parece mais Xangai na hora do rush do que a ensolarada casa de Hollywood.
Todo mundo fuma, até os androides. Difícil entender porque alguém queira viver por lá. Mas o filme gira justamente em torno da vida: do desejo de se estar vivo.
O casamento da engenharia genética com a inteligência artificial atingiu um nível de sofisticação que hoje não passa de um sonho. Várias corporações produzem robôs/clones chamados replicantes. A Tyrell Corp., controlada pelo cientista Eldon Tyrell, tem como slogan "replicantes genéticos: mais humanos do que os humanos".
Mas os androides foram banidos da Terra e trabalham como escravos em colônias do sistema solar. O enredo revolve em torno de quatro replicantes perigosos, que escaparam e se escondem no caos da cidade.
Voltaram à procura de seu criador, Dr. Tyrell, para convencê-lo a aumentar seu tempo de vida, que é limitado a quatro anos. Máquinas tocadas pela vida querem viver mais: primeiro tema importante.
Enquanto isso, Dr. Tyrell desenvolveu um novo projeto: Rachael, uma replicante belíssima que não sabe se é humana ou máquina.
Tyrell implantou memórias em Rachael, usando a vida da sua sobrinha. Orgulhosa, Rachael mostra a foto de quando tinha seis anos, ao lado de sua "mãe". Quando você tem um passado, já não é mais um robô: outro tema importante.
Ford é um "blade runner", um destruidor de replicantes. Ele submete Rachael ao teste de Voigt-Kampff (fictício) que determina se uma criatura é humana ou não.
Mas os resultados são ambíguos. Temos o Teste de Turing, que tenta discernir entre humanos e computadores através de perguntas feitas em terminais. O assunto é controverso, mas algumas máquinas já conseguem enganar humanos.
No filme, os androides são inteligentes e belíssimos, quase deuses. Ford se apaixona por Rachael, e a ensina a "amá-lo" de volta. Ou iludi-lo que o ama. Qual o nível de sofisticação cognitiva necessário para uma criatura sentir amor?
Existem inúmeros exemplos na literatura de humanos que amam autômatos ou humanoides: Pigmalião se apaixona pela estátua que esculpiu; no conto de Hoffmann, Nathanael se apaixona pela autômata Olímpia; Geppetto e Pinóquio etc.
Muita gente já procura a companhia de robôs. No Japão, androides são criados para fazer companhia aos idosos solitários, crianças brincam com robôs e bonecas sexuais custam milhares de dólares.
Se as pessoas carentes se contentam com menos, enquanto robôs ficam cada vez mais "humanos", não é difícil antever futuras uniões entre humanos e máquinas. Mas quando, então, deixaremos de chamá-los de "máquinas"?
Marcelo Gleiser (Rio de Janeiro, 19 de março de 1959) é um físico, astrônomo, professor, escritor e roteirista. Conhecido nos EUA por seus lecionamentos e pesquisas científicas, no Brasil é mais popular por suas colunas de divulgação científica na Folha de S.Paulo, um dos principais jornais do país. Escreveu sete livros e publicou três coletâneas de artigos. Já participou de programas de televisão do Brasil, dos EUA e da Inglaterra, entre eles, Fantástico. Em 2007, foi eleito membro da Academia Brasileira de Filosofia.
Rock in Rio… Fico em casa
Dicas para fazer amor na idade mais avançada
1. Use seus óculos. Certifique-se de que sua companhia esteja realmente na cama.
2. Ajuste o despertador para tocar em três minutos, só para caso de você adormecer durante a performance.
3. Acerte com a iluminação: Apague todas as luzes!
4. Deixe seu celular programado para o número da “EMERGÊNCIA MÉDICA”
5. Escreva em sua mão o nome da pessoa que está na cama, no caso de não se lembrar.
6. Fixe bem sua dentadura para que ela não acabe caindo debaixo da cama.
7. Tenha DORFLEX à mão. Isto, para o caso de você cumprir a performance!
8. Faça o quanto de barulho quiser. Os vizinhos também são surdos…
9. Se tudo der certo, telefone para seus amigos para contar as boas novas.
10. Nunca, jamais, pense em repetir a dose.
11. Não se esqueça de levar 02 travesseiros para coloca-los sob os joelhos, para não forçar a artrose.
12. Se for usar camisinha, avise antes ao "bilau" que não se trata de touca para dormir, senão ele pode se confundir.
13. Ah! O mais importante, não se esqueça de tirar a parte de baixo do pijama, mas fique com uma camiseta para não pegar gripe.